Silvio Santos: “Gostaria que minhas filhas se casassem virgens”
Umas das figuras mais queridas dos brasileiros, o apresentador Sílvio Santos comandava os domingos na TV com seus programas de auditório, onde as palavras de ordem eram sua alegria e a intimidade com o público.
Ao escolher alguém do auditório, com seu clássico “Ma, oê!…Ma,vem aqui!”, invariavelmente convidava a família do escolhido a participar do show, em extensão convidava todas as famílias que o assistiam pela televisão. Perguntava o nome, de onde era, se era casada (o), nome do marido ou da esposa; quantos filhos ou “quem está te assistindo em casa?”. Terminava mandando um beijo para os familiares.
No ar, Silvio Santos sempre tratava de temas relacionados à família. Falava sobre a esposa Íris, seu segundo casamento, e também sobre suas 6 filhas: Cíntia, do primeiro casamento; Silvia, adotada por ele e a primeira esposa e Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata, da união com Íris.
Em entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo em 1987, uma das raras concedidas pelo apresentador, Silvio Santos abriu as portas da sua casa, falou sobre seus pais, sua criação, o casamento com Íris, os desafios de educar suas filhas em uma época com uma mentalidade diferente da com que cresceu.
Uma das perguntas foi se ele era “moralista em casa”. A resposta: “A Íris, minha mulher, me chama de moralista. Ela é menos do que eu. Gostaria que minhas filhas se casassem virgens, e a Íris acha que não. Sou machista”.
Primeira esposa
Cintia Abravanel, filha mais velha de Silvio Santos, relembrou a relação do pai com a primeira esposa, Maria Aparecida Vieira Abravanel, morta em 1977 de um câncer de estômago. A declaração foi dada no documentário inédito “Silvio Santos: Vale mais do que dinheiro”, exibido pelo SBT em homenagem ao apresentador.
O comunicador enviou Cidinha (como era chamada), mãe de Cintia e Silvia, para fazer o tratamento da doença nos Estados Unidos. De acordo com a filha mais velha, ela seguiu para o país sozinha, voltando para o Brasil depois de seis meses.
“Ela foi para Nova York e ficou seis meses lá, inicialmente sozinha, para o processo de terapias. Depois, ele trouxe minha mãe de volta para casa, no Brasil. Respeito muito meu pai por ter feito isso”, contou ela.
No documentário, Cintia lembra ainda o tratamento que o pai deu a Cidinha nesta volta. “Agradeço muito a ele pelo final de vida que ele deu a minha mãe. Lembro dele carregando ela no colo para sentar na mesa para comer. Ele cuidou da minha mãe de verdade”, lembrou. “No dia em que ela morreu, meu pai estava acabado. Sentei no braço da cadeira dele e dei a mão para ela. Ela morreu. Ela me esperou chegar.”
A tristeza de Silvio, entretanto, ficou escondida do público. Isso porque o apresentador escondia tanto a esposa quanto as filhas das vistas de seus telespectadores e fãs. Naquela época, acreditava-se que uma família pudesse comprometer a imagem de “galã” de uma figura pública diante dos telespectadores.