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Pressão alta pode acelerar osteoporose; entenda

Pressão alta pode acelerar osteoporose; entenda

Além de aumentar o risco de problemas no coração e nos rins, a hipertensão também pode acelerar o envelhecimento ósseo. De acordo com estudo apresentado na conferência Hypertension Scientific Sessions 2022 da American Heart Association, a qualidade óssea de camundongos jovens com pressão alta foi semelhante à de camundongos mais velhos, sem a condição.

“Isso é um sinal de alerta, porque as perdas e danos ósseos facilitam as quedas e fraturas. Ao entender como a hipertensão contribui para a osteoporose, podemos reduzir o risco de osteoporose e proteger melhor as pessoas de fraturas por fragilidade e uma qualidade de vida inferior”, diz o médico Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).

No estudo, os pesquisadores compararam camundongos jovens com hipertensão induzida a camundongos mais velhos sem a condição para avaliar a possível relação da pressão alta com o envelhecimento ósseo. A idade dos animais jovens era equivalente a humanos de cerca de 20 a 30 anos, já para os mais velhos, a idade era equivalente a humanos de 47 a 56 anos.

Um grupo de 12 camundongos jovens recebeu angiotensina II, um hormônio que leva à pressão alta, por seis semanas. Outro grupo, de 11 camundongos mais velhos, também recebeu o hormônio, pelo mesmo período. Havia ainda dois grupos de controle, de 13 camundongos jovens e 9 camundongos velhos, respectivamente, que não desenvolveram pressão alta.

Depois de seis semanas, os pesquisadores analisaram os ossos dos camundongos de todos os grupos usando uma técnica de imagem avançada. A saúde óssea foi determinada pela força e densidade do osso.

Os resultados mostraram que os camundongos jovens com hipertensão induzida tiveram uma redução significativa de 24% na fração de volume ósseo, de 18% na espessura do osso trabecular esponjoso – localizado no final de ossos longos, como fêmures e da coluna vertebral – e uma diminuição de 34% na força de falha estimada, que é a capacidade dos ossos de suportar diferentes tipos de força, em comparação com os animais jovens, sem pressão alta.

“A força de falha se traduz em ossos mais fracos. Na coluna, a fraqueza óssea pode levar a fraturas vertebrais mais tarde na vida”, conta o médico.

Por outro lado, os camundongos mais velhos que receberam a infusão de angiotensina-II não exibiram perda óssea semelhante. De modo geral, os ratos velhos, com ou sem pressão alta, exibiram uma qualidade óssea reduzida semelhante à dos ratos jovens hipertensos.

Os pesquisadores também descobriram que os camundongos jovens hipertensos apresentaram um aumento no número de moléculas sinalizadoras inflamatórias, indicando mais inflamação nos ossos quando, em comparação aos camundongos jovens saudáveis.

“Esse aumento nas células imunológicas ativas nos diz que os camundongos mais velhos estão mais inflamados em geral e que um estado contínuo de inflamação, independentemente de terem pressão alta ou não, pode ter um impacto na saúde óssea”, disse a principal autora do estudo, Elizabeth Maria Hennen, em comunicado.

“Em humanos, isso pode significar que devemos rastrear a osteoporose em pessoas com pressão alta”, explica Cortelazo.

As limitações do estudo incluem que é apenas descritivo, portanto, pesquisas adicionais são necessárias para investigar como especificamente os diferentes tipos de células imunes podem contribuir para a perda óssea, mostrando essa relação da hipertensão com o envelhecimento ósseo.