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Poucos entendem o por quê do preço da gasolina a quase R$ 7. Poucos brasileiros conhecem a história da Petrobrás.

Poucos entendem o por quê do preço da gasolina a quase R$ 7. Poucos brasileiros conhecem a história da Petrobrás.

Quando criou a Petrobrás em 1953, o país estava preocupado com sua independência, jamais com lucros. A independência que o país intentava na época, (que deveria ser respeitada na atualidade) era não ficar refém de preços nem de mercados internacionais em termos de combustíveis. Era um Brasil em que, primeiro pensava-se estrategicamente no bem-estar da população e só depois disso se lançava a pensar em interesses secundários.
Mesmo quando ela mostrou grande potencial de crescimento comercial, o Brasil não pensou em uma estatal que gerasse lucros, mas, em uma empresa pública que até utilizasse dinheiro público, mas que garantisse prioritariamente a segurança do abastecimento de combustíveis, com preços módicos para o povo e para as indústrias. De tanto se distanciar de suas metas depois de ser convertida em empresa de capital aberto, a empresa esqueceu da sua missão primordial. Agora ela foca no secundário, que é gerar o lucro para os acionistas.
É verdade que o preço da gasolina e dos demais produtos tem a ver com o mercado internacional e com o câmbio. No entanto, o que se faz hoje é produzir lucro à custa do sacrifício do povo, que já paga quase R$ 7 pela gasolina e outros valores acima da média pelo óleo diesel e gás de cozinha. Fato é que os preços de agora são insustentáveis.
Certamente não é por essa razão que o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira, está cobrando esclarecimentos à empresa sobre a política de preços dos combustíveis. A razão deve ser outra, ligada diretamente a seus interesses pessoais, como é todo esquema ligado a estatais e autarquias deste país. Quem tem mandato de deputado federal ou de senador no Brasil, não vivencia jamais a preocupação com preços de combustíveis e seus derivados.
Emendas Parlamentares – O deputado federal e o senador brasileiros não vivenciam problemas com combustíveis porque estes não existem para eles, explica um ex-deputado federal que não quer ser identificado. Além dos salários que recebem (33.700,00 por mês) + auxílio moradia (R$ 4.200.00) + a chamada Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar, que varia de R$ 30,7 mil a R$ 45,6 mil, dependendo do Estado do deputado. No caso dos senadores a tal Cota vai de R$ 21 mil a R$ 44,2 mil por mês. O “cotão”, serve para pagar, por exemplo, gastos com telefonia, correios, hospedagem, alimentação e passagem aérea.
Além disso tudo ai acima, eles têm uma coisa chamada Emenda Parlamentar.
O que é isso?
Trata-se de uma verba anual que a República põe na mão do deputado para ele gerenciar, distribuindo no seu estado, no município ou municípios que ele desejar, junto às suas bases eleitorais. Ele só tem de cumprir uma exigência: metade da verba tem de ser gasta na área da saúde. A outra metade ele faz o que bem entender. Esse dinheiro anual (que é constitucional) gira em torno de R$ 15 milhões e frações, por ano, para cada deputado ou senador. Agora vejamos como os nossos honrados deputados e senadores gastam esse dinheirinho. A via da regra é conversar com o seu prefeito aliado no interior do seu estado, porque a verba irá para a prefeitura, por indicação do parlamentar. Com o prefeito, geralmente eles negociam o repasse do dinheiro meio a meio. Isto é: o deputado ou senador destina, por exemplo, R$ 5 milhões para o município A, combinando um retorno para si de 50% desse dinheiro. Quer dizer que metade, ou seja, R$ 2,500.000 são transferidos pelo prefeito para o deputado ou senador. Como assim?
Ao fim da distribuição da verba sob esse critério, o deputado fica ao menos com a metade dos R$ 15 milhões anuais, quais sejam, R$ 7.500.000,00 (sete milhões e quinhentos mil reais) por ano, além do seu salário, podendo ser mais ou ser menos. O resto da operação é muito simples: basta dividir esse valor exemplificado, por 12 meses, o que dá aproximadamente R$ 625 mil por mês, além dos dinheiros oficiais. A curiosa pergunta que não quer calar é uma só: alguém que ganha essa dinheirama todo mês, quer chova, quer faça sol, tem preocupação com preço de gasolina e gás de cozinha?
Descendo a ladeira – A popularidade do presidente Bolsonaro segue em queda, como queijo morro abaixo. Na última pesquisa do DataFolha, realizada após as manifestações do 7 de setembro, mostram um Bolsonaro pagando o preço das loucuras que ele se permitiu desde o início do mandato. Segundo o Datafolha, a rejeição do presidente chega a 53% (no levantamento anterior eram 51%). Ótimo/bom: 22% (eram 24% no levantamento anterior). Regular: 24% (eram 24%). Não sabe: 1% (era 1%). Em outra abordagem da mesma pesquisa, mais de 70% do eleitorado em potencial concorda com o seu impeachment.
Tio Sam, França e ética – Paralelamente à retirada catastrófica das suas tropas do Afeganistão, os EUA acabam de protagonizar um episódio constrangedor, que pode mexer na centenária aliança europeia de comércio e de segurança dos países. Supostamente para conter o crescimento da China, os americanos criaram uma aliança com a Inglaterra e a Austrália, no sentido de prover este último de uma frota de 12 poderosos submarinos, a serem fabricados em parceria pelos três países (Austrália, Inglaterra, EUA), criando-se um bloco militar sob a sigla Aukus.
O problema é que há uns três anos a França e a Austrália celebraram um acordo para a construção dos 12 submarinos modernos, com a França entrando com a tecnologia e parte do processo de fabricação de estrutura como casco e outros, (a exemplo do acordo celebrado com o Brasil para a construção dos submarinos Scorpene) cujo pacote renderia à terra de Napoleão Bonaparte a bagatela de 56 bilhões de euros. A França já havia investido uns 2 bilhões de euros no processo. Ocorre que, estimulada pelos EUA, a Austrália simplesmente rompeu o acordo com a França, unilateralmente (nos mesmos moldes do rompimento da Boeing com a Embraer), alegando vantagens que advirão do acordo com Inglaterra e EUA na fabricação dos 12 navios. Embaixadores da França na Austrália e EUA foram chamados a Paris, sendo aguardada uma resposta dura da França, que alega a falta de ética e a traição dos americanos e ingleses no episódio. Claro, a China declarou que a operação dos americanos é uma irresponsabilidade.

Poucos entendem o por quê do preço da gasolina a quase R$ 7. Poucos brasileiros conhecem a história da Petrobrás.

Por LOURIVAL JACOME – www.folhapop.com.br