4º PODER - Credibilidade e Independência | CNPJ: 51.975.832/0001-64 | Rua 5 de Novembro, 300, Centro - Eunápolis/Bahia

Pontos fortes e fracos de Kamala Harris

Pontos fortes e fracos de Kamala Harris

Após Joe Biden anunciar a decisão de desistir de concorrer à reeleição para presidente dos Estados Unidos, a possibilidade de Kamala Harris ser sua substituta na votação marcada para 5 de novembro ganhou força.

Em uma postagem nas redes sociais, Biden declarou seu “total apoio e endosso para que Kamala seja a candidata de nosso partido este ano” e acrescentou: “Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso.”

Atual vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, de 59 anos, foi a primeira mulher a ocupar esse cargo.

Ela respondeu ao apoio de Joe Biden dizendo que fará “tudo ao meu alcance para unir o Partido Democrata – e unir nossa nação – para derrotar Donald Trump e sua agenda extrema”.

A chapa do Partido Democrata deve ser oficializada apenas na Convenção Nacional da agremiação, em 19 de agosto.

Mas afinal, quais são os pontos fortes e fracos de uma possível candidatura de Kamala Harris, segundo analistas e institutos?

Pontos fortes

A idade avançada de Joe Biden esteva no centro da campanha de Donald Trump. Hoje com 81 anos, o democrata foi o presidente mais velho a assumir o cargo, em 2021, aos 78.

Os sinais do seu envelhecimento se tornaram mais evidentes recentemente — incluindo a voz mais suave, os lapsos de memória e uma aparente maior dificuldade para andar, que seu médico atribui parcialmente à artrite.

Com isso, a campanha republicana se dedicou a focar na idade e fragilidade do democrata.

O argumento “forte versus frágil” apareceu com frequência em eventos nas últimas semanas, assim como as tentativas de retratar Trump como uma opção mais enérgica e jovem.

Mas essa tática não terá o mesmo impacto contra a vice-presidente Kamala Harris. Ela tem 59 anos, quase 20 a menos que Trump, que teria 82 ao final de um segundo turno.

Analistas descrevem Harris como uma pessoa em forma e enérgica, e a confirmação de sua candidatura pode virar o jogo totalmente em relação ao uso político da diferença de idade na campanha.

E apesar de ter tido baixos índices de aprovação durante seu mandato como vice-presidente, apoiadores de Kamala Harris apontam ainda para seu passado como promotora de justiça enquanto Trump já foi condenado pela Justiça. Isso seria favorável à imagem da democrata.

As pesquisas de opinião também indicam a possibilidade da vice-presidente se sair melhor do que Joe Biden entre alguns eleitores específicos.

Uma sondagem da CNN do início de julho sugeriu que Harris teria um desempenho melhor do que Biden com eleitores independentes e mulheres.

Enquanto 50% das eleitoras do sexo feminino apoiariam a vice-presidente contra Trump, apenas 44% fariam o mesmo no caso de Biden. A mesma pesquisa aponta que 43% dos americanos que se definem como independentes (não afiliados a nenhum partido) estariam dispostos a votar em Harris, contra 34% no atual presidente dos EUA.

Filha de mãe indiana e pai jamaicano, ela também vai melhor do que Biden nas pesquisas entre eleitores negros, latinos e jovens — círculos eleitorais cruciais e que, segundo seus aliados, ela seria capaz de atrair como candidata.

Entre o eleitorado em geral, uma pesquisa da CBS News e YouGov realizada na última semana mostra Harris com uma ligeira vantagem em relação ao atual presidente Biden frente a Trump.

O republicano estava à frente da advogada por três pontos (51% a 48%), enquanto superava Biden por cinco (52% a 47%) entre os eleitores prováveis (a margem de erro da pesquisa era de 2,7 pontos).

Pontos fracos

Se por um lado a campanha de Trump será obrigada a abandonar o argumento “forte versus frágil” que se aproveitava da idade avançada de Biden, os republicanos podem focar em outros pontos do histórico de Harris na política.

Analistas veem a possibilidade de Trump e seus aliados vincularem Harris às falhas percebidas do governo atual. Não importa quem seja o candidato, os republicanos certamente culparão os democratas por encobrir as fraquezas relacionadas à idade de Biden – e por colocar a nação em risco.

Analistas apontam ainda que o histórico de Harris no controle da imigração na fronteira com o México pode ser usado contra ela.

Biden designou Harris para liderar os esforços relacionados à imigração durante um período em que houve recorde de entrada de imigrantes pela fronteira com o México. O objetivo desses esforços tem sido tratar das causas fundamentais da migração da América Latina, como a pobreza e a violência nos países de origem dos migrantes.

Mas Harris foi acusada de não avançar significativamente na questão e criticada por levar seis meses para planejar uma visita à fronteira após assumir o cargo. Os republicanos inclusive a apelidaram de “czarina da fronteira” por seu papel.

Durante seu tempo como vice-presidente, ela se firmou como a principal voz do governo no que diz respeito ao direito ao aborto e liderou a campanha “Luta pelas Liberdades Reprodutivas”, defendendo o direito das mulheres de tomarem decisões sobre seus próprios corpos.

Em março deste ano, ela fez o que se acreditava ser a primeira visita oficial de um presidente ou vice-presidente a uma clínica de aborto. Ela também apoiou consistentemente o direito ao aborto durante seu período no Senado

O apoio ao direito ao aborto após a decisão do Supremo provou ser um sucesso para os democratas durante as eleições de meio de mandato de 2022 e o partido espera reconquistar mais eleitores em novembro ao manter esse tema como prioridade.

Mas há temores de que a posição de Kamala Harris possa prejudicá-la em Estados mais conservadores e onde há maior população cristã.

Sua defesa do direito ao aborto também poderia ser definitiva em uma corrida contra Trump pelos chamados “swing states”, os Estados em que a população é dividida politicamente e não há um histórico de vitórias de um único partido.

Por fim, analistas acreditam que apesar de sua capacidade de atrair mais eleitores negros e do sexo feminino, Kamala Harris disputaria também contra o preconceito da sociedade americana.

Em mais de dois séculos de democracia, os eleitores nos EUA elegeram apenas um presidente negro e nunca uma mulher, algo que faz até alguns eleitores negros duvidarem de uma candidatura bem-sucedida da vice-presidente.