Novo antibiótico capaz de eliminar superbactérias pode ter origem em doença que ataca cana-de-açúcar
Mas a albicidina também é altamente eficaz na destruição de bactérias que escapam aos antibióticos atuais e à esterilização, e são altamente temidas nos ambientes hospitalares por causarem infecções e morte de pacientes vulneráveis, internados em UTIs, por exemplo.
A pesquisa que desvenda a atuação molecular da albicidina e projeta boas perspectivas para futuros estudos foi publicada na “Nature Catalyses” nesta segunda-feira (23).
As descobertas do estudo foram: Os cientistas agora sabem como é a estrutura molecular da albicidina e como ela interage com o seu principal alvo, a enzima bacteriana girase, presente em plantas e bactérias; A albicidina forma um “L” para se ligar tanto com a girase quanto com o DNA, o que é considerado um tipo único de interação; Essa ligação provocada pela albicidina inibe a ação completa da enzima e, com isso, provoca a morte de bactérias; A tal “ligação em L” que ocorre em nível molecular funciona como se uma chave inglesa fosse jogada entre engrenagens de um motor: torna inviável a ação das bactérias.
O passo é importante para o desenvolvimento farmacêutico do futuro antibiótico.
“Parece que, pela natureza da interação, a albicidina tem como alvo uma parte realmente essencial da enzima e é difícil para as bactérias desenvolverem resistência a isso”, disse o médico Dmitry Ghilarov, líder do grupo de pesquisa no John Innes Centre, no Reino Unido.
Os pesquisadores, então, começaram a explorar essa ligação e fazer mais modificações na albicidina, com o objetivo de melhorar sua eficácia e propriedades farmacológicas. Os testes mostraram que ela é eficaz contra perigosas bactérias, como a Escherichia coli, Salmonella typhimurium, Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae.
“Acreditamos que este é um dos novos candidatos a antibióticos mais empolgantes em muitos anos. Possui eficácia extremamente alta em pequenas concentrações e é altamente potente contra bactérias patogênicas, mesmo aquelas resistentes aos antibióticos amplamente utilizados, como as fluoroquinolonas”, explicou Ghilarov.
A pesquisa, agora, busca colher novos frutos. O próximo passo será ir atrás de mais pesquisadores e de um financiamento para testar a albicidina em ensaios clínicos em humanos.