Nasa dá continuidade a programa de 50 anos ao lançar o mais novo satélite de observação da Terra
Após atrasos causados pela escassez de oxigênio líquido, usado para tratar pacientes da Covid-19, somado a condições climáticas desfavoráveis, o mais novo satélite de observação da Terra finalmente foi levado ao espaço. O Landsat 9 foi lançado com um foguete Atlas V, da United Launch Alliance, nesta segunda-feira (27), e ajudará a dar continuidade ao recorde de 50 anos de imagens da Terra, que seguem sendo coletadas pelos satélites do programa Landsat desde 1972.
O foguete Atlas V deixou a plataforma da Base da Força Espacial de Vandenberg às 15h12 (horário de Brasília) e logo desapareceu em meio a uma densa camada de nuvens que cercava o espaçoporto. Cerca de 1h20 após o lançamento, o satélite foi liberado do foguete. Eventualmente, o satélite irá se posicionar em uma órbita que irá cobrir os polos da Terra, a uma altitude de aproximadamente 705 km.
O Landsat 9 é quase um gêmeo do Landsat 8, lançado em 2013 e que segue em operação até hoje — mas, em comparação com seu antecessor, ele conta com algumas novidades em seus instrumentos. Uma delas é o Operational Land Imager 2, que coleta medidas de 16 mil tons em cada uma das bandas dos nove comprimentos de onda em contraste com os 4 mil tons que o instrumento do Landsat 8 consegue identificar. O novo satélite irá substituir o Landsat 7 e deverá iniciar suas operações em janeiro e, junto do Landsat 8, poderá obter imagens de toda a Terra a cada 16 dias, com taxa de revisita de oito dias; dependendo da precisão de inserção orbital, o novo satélite poderá operar por pelo menos 15 anos.
Construído e lançado pela Nasa, a missão Landsat 9 é a nona do programa de mesmo nome, e irá dar continuidade ao objetivo de monitorar e gerenciar os recursos que temos em nosso planeta — os cientistas da missão descrevem o programa como aquele de ciências da Terra com o maior impacto econômico. “O Landsat nos diz sobre a vegetação da Terra, o uso do solo, os litorais e a água de superfície; esses são apenas alguns exemplos”, explica Karen St. Germain, diretora da divisão de ciências da Terra na Nasa.
Segundo ela, ao combinar os resultados do Landsat com os de outras missões, é possível entender o que está acontecendo em nosso planeta junto dos motivos por trás dos diferentes processos. “Montamos uma história incrível de como o planeta mudou ao longo dos últimos 50 anos”, disse Jeff Masek, cientista de projeto do Landsat 9. Isso porque a família de satélites Landsat segue produzindo imagens da Terra desde 1972, ano em que o primeiro deles foi lançado, o que proporciona aos pesquisadores um registro contínuo de dados dos ecossistemas terrestres.
Nos últimos 50 anos de atividades, a missão já coletou mais de 8 milhões de imagens da Terra. Esses dados vêm auxiliando na tomada de decisões e no gerenciamento de recursos de diversas áreas, além de fornecer uma enorme contribuição para o monitoramento das mudanças climáticas. Assim, as informações obtidas permitem prever os níveis de produção de alimentos, gestão do uso da água e antecipação de possíveis períodos de seca, entre outros.
Além do Landsat 9, o Atlas V levou quatro CubeSats à órbita como cargas úteis secundárias – entre eles, está o Colorado Ultraviolet Transit Experiment (CUTE), um cubesat do tamanho de uma caixa de cereal que irá estudar os exoplanetas conhecidos como “Júpiteres quentes”. Já o Cusp Plasma Imaging Detector (CuPID) irá medir as emissões de raios-X das partículas de vento solar que colidem com a atmosfera terrestre.