Dólar avança e fecha a R$ 5,29, maior patamar desde janeiro
O dólar voltou a subir e fechou a sessão desta quarta-feira (15) em alta, no maior patamar desde o começo do ano. O movimento acompanhou as renovadas preocupações dos agentes de mercado sobre uma eventual crise no sistema bancário internacional, após o banco suíço Credit Suisse ter um novo aporte de capital negado por seu maior acionista, o Saudi National Bank, da Arábia Saudita.
Ao final da sessão, a moeda norte-americana avançou 0,70%, cotada a R$ 5,2932. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,3288.
Na véspera, o dólar fechou em queda de 0,23%, cotada a R$ 5,2563. Com o resultado, a moeda passou a acumular altas de 1,31% no mês e de 0,29% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
Desde a falência do banco californiano Silicon Valley Bank (SVB) na semana passada, as autoridades americanas lançaram planos de contenção para garantir a solidez do sistema bancário. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) permitiu, por exemplo, que os bancos pudessem emprestar quantias “ilimitadas”, desde que os empréstimos possam ser garantidos por títulos seguros do governo.
Com a quebra do SVB, os reguladores também prometeram recuperar todos os depósitos de clientes do banco e do Signature Bank, que faliu no fim de semana, mesmo acima do limite padrão de US$ 250 mil. As medidas conseguiram estabilizar um pouco os mercados na terça-feira, mas a situação continuou sob observação.
Nesta quarta-feira, contudo, os investidores voltaram a fugir para ativos seguros após temores sobre a saúde do banco Credit Suisse. Depois de resultados ruins apresentados no trimestre passado, seu principal acionista, o Saudi National Bank, da Arábia Saudita, anunciou que não vai apoiar a instituição com um aumento de sua participação no capital.
O presidente do SNB, Ammar Al Khudairy, à Reuters disse que não pode ultrapassar seu patamar societário — que hoje é de quase 10% — “devido a uma questão regulatória”.
Os papéis do banco entraram em queda livre de mais de 20% na bolsa suíça nesta quarta e ressuscitaram medos mais amplos sobre uma quebradeira no setor financeiro internacional. Outros bancos europeus, como BNP Paribas e Deutsche Bank, também tiveram quedas relevantes.
“O Credit Suisse não está relacionado diretamente ao SVB, mas vinha tendo problemas há algum tempo. A questão é que volta a preocupação dos investidores em relação ao setor financeiro, um medo que gere algum contágio também para outros setores ou mesmo para os grandes bancos americanos”, diz Jennie Li, estrategista de Ações da XP.
“Na nossa opinião, quando olhamos para os indicadores do setor, os bancos continuam com níveis de indicadores bastante saudáveis. A percepção é que SVB e Credit Suisse são eventos específicos. Mas, mesmo assim, o mercado volta a se preocupar com isso.”
O Credit Suisse está no olho do furacão há vários meses e, no final de 2022, precisou levantar fundos. O banco arrecadou 4 bilhões de francos suíços (US$ 4,4 bilhões), por meio de um aumento de capital que permitiu a entrada do banco saudita.
No início de março, o fundo de investimentos americano Harris Associates, que era um dos acionistas mais importantes, vendeu toda sua participação no banco.
Na Europa, as ações foram às mínimas do ano, contaminadas pela pressão ao setor bancário. Também há um clima de esfriamento do otimismo de que o Federal Reserve possa reduzir o ritmo de alta de juros na próxima semana, na esteira do colapso do Silicon Valley Bank (SVB).
Juros mais altos nos Estados Unidos elevam a rentabilidade dos títulos públicos do país, que são considerados os mais seguros do mundo. Isso favorece o dólar frente a outras moedas e impacta principalmente países emergentes, como o Brasil.
Entre os indicadores, o mercado espera resultados da inflação ao produtor e vendas do varejo nos EUA.