Depressão é condição controlável e reversível, diz psiquiatra
O tratamento da depressão tem duas vertentes principais, com e sem medicamentos. Especialistas apontam que os melhores resultados vêm da combinação das duas linhas, ou seja, medicações que aliviam os sintomas e curam, além da psicoterapia, por exemplo. “A depressão é tratável. É uma condição controlável e reversível. Os idosos melhoram muito com o tratamento adequado”, diz a psiquiatra Julia Loureiro, especialista em psicogeriatria e integrante do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.
Os antidepressivos são o pilar do tratamento e trazem benefícios para os pacientes, como explica Christiane Machado Santana, diretora Científica da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Mas é preciso uma ressalva. “Alguns medicamentos são inapropriados para uso em idosos por afetarem a memória, causarem muita sonolência e provocarem quedas. É preciso ter domínio desse conhecimento na escolha terapêutica e nem sempre isso é levado em consideração por médicos não geriatras”, avalia.
O tratamento da depressão é cercado de mitos, como explica Carlos Cais, professor colaborador do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e doutor em prevenção do suicídio. É preciso superá-los.
“A depressão é subdiagnosticada. Os idosos frequentam os médicos, mas essas janelas de oportunidade não são bem utilizadas em função de alguns mitos que devem ser combatidos com a informação. O primeiro é a ideia que idoso é entristecido. Isso não é verdade”, avalia. “Depressão não faz parte do envelhecimento”, completa o psiquiatra Lucas F. B. Mella, da Unicamp.
O especialista destaca que a depressão também pode ser o primeiro sintoma de doenças neurodegenerativas e cerebrovasculares. “Entre 5 a 7 anos antes dos sintomas motores da Doença de Parkinson, surgem os primeiros sintomas depressivos. Eles vêm antes. Não basta diagnosticar a depressão. É preciso investigar o que pode estar contribuindo com a depressão no idoso”, defende.
As opções não medicamentosas abrangem a psicoterapia nas suas mais diversas modalidades. A terapia busca trabalhar as questões emocionais a partir do diálogo. Outras opções estão na medicina alternativa, como acupuntura, meditação e arteterapia. “Nos últimos anos, é possível perceber o aumento da procura pela musicoterapia, que funciona bastante com idosos”, explica Daniella Cury, psicóloga e psicanalista especialista em envelhecimento e sexualidade. “A música atinge áreas do cérebro ligadas às emoções mais primitivas. Com isso, ela ajuda a pessoa a falar sobre seus conflitos e sua história”.
Em casos graves e que não respondem aos medicamentos, a Eletroconvulsoterapia (ECT), técnica que utiliza eletrochoques para induzir convulsões em pacientes, traz resultados mais imediatos, na opinião de Christiane Machado Santana, da SBGG.