Cristina Lacerda – Quem é o culpado de tudo isso?

Vota-se.
Fecha-se.
Apura-se.

É assim que funciona as urnas. Portanto, eleição ganha é eleição votada.
Tá resolvido. Sacramentado. Não tem o que se discutir.
Bem, uso da ironia para dizer que estou gostando de perder…
É isso.
Tem momentos que o bom não é ganhar, para assim, apenas assim, amadurecer, crescer.
Todo político deveria se perguntar, quando perde uma eleição:
Por que perdi?
O país passou por “quase” dezesseis anos vendo a esquerda preparando -se para perpetuar no poder. Houve uma interrupção com a direita, adentrando para recuperar os valores morais, como também, o resgate dos valores cívicos. Não bastasse o “quarto poder”, que nada mais é , que a imprensa escrita e falada, coloca-se contra a tudo que poderia servir de informação, surge o Poder “supremo carnal” trazendo o que de mais temível poderia acontecer: Usar a censura para os que não compactuam com sua forma de beneficiar a quem melhor lhe serve por muitos anos, pelos cargos presenteados , enfim, por quem os indicaram.
Não sendo historiadora, mas ‘vivenciadora’, vi o meu pai não aceitar a chegada dos militares ao poder. Não entendia…
Meu pai defendia o governo de Getúlio Vargas e dizia quão o trabalhador passou a ser olhado de forma mais humana. Ressaltava para criação do salário mínimo, da carteira de trabalho, a jornada de oito horas, as férias remuneradas, a previdência social e o descanso semanal, dentre outros benefícios, inclusive o que se referia as mulheres.
Quando o Governo Militar tomou as rédeas do poder, com o suicídio de Getúlio Vargas, as minhas lembranças das faces desse poder são de tristeza, pois a minha casa era consumida por política. Digo consumida, porque a política me trazia o medo de perder meu pai. Papai era um esquerdista, com ideias além de seu tempo, e não era bem “quisto ” pelo governo militar. O governo na Bahia era amedrontador. Vi meu pai muitas vezes precisando fugir, isso mesmo, fugir, para não ser preso. E preso por que? Porque não aceitava a forma do Brasil ser governado.
Na festa de conclusão de meu 1° grau, ele pediu que um professor me acompanhasse, pois havia suspeita de matá-lo. Já viajei com meu pai de madrugada, para escondermos em fazendas de amigos, pois as ameaças de morte eram constantes.
Vi minha mãe ao anoitecer, nos pedindo silêncio, porque ouvia os sons dos coturnos, desfilando na calçada de nossa porta.
E dessa forma, fui educada a respeitar as autoridades e cumpri tudo que havia em defesa dos valores morais e cívicos. Sabia todos os hinos que exaltavam a pátria. O Hino Nacional tinha que ser cantado baixinho, quando estava em casa, pois seria desrespeito cantá-lo alto ou que não fosse nas cerimônias cívicas.
Hoje estou assustada. Conformo-me com o que estou vendo, assistindo? Não. Entretanto não consigo ver as forças Armadas dirigindo meu país.
É triste ver o desfile de homens que foram condenados e ter usado até dinheiro nas cuecas, governar o meu país? É triste.
E os tempos mudaram. Realmente, os tempos mudaram!
Hoje os extremismos povoam a direita e a esquerda.
Estou sofrendo , por medo de uma ditadura que possa vir: A ditadura comunista.
Mas volto lá atrás e não canso de perguntar-me: Quem é culpado disso tudo?
Eu?
Você?
O que foi feito pelo dirigente maior deste país para que a esquerda comunista voltasse ao poder?
E o pior: Eles não esconderam nada dessa vez, porque tudo já foi preparado há anos e todos sabiam…
Também pergunto-me:
Voltar o militar?
Qual o preparo que hoje os homens e mulheres que vestem as fardas têm para governar um país com tantas desigualdades e a mais tocante pra mim, a educacional?
Qual o preparo tem essas pessoas que ficarão a frente dos quartéis e nas ruas para trazer a paz e à ordem no país?
Com o crescimento da marginalidade, com fronteiras abertas, toda “quadrilhada” de delinquentes armada até os dentes, sinto-me insegura e é visível que nossa democracia está abalada, que tem coisas que não fazem mais sentido…
Todavia, como todo ser humano brasileiro, movida a fé , fico aqui a pensar… e para acalmar meu coração, reafirmo em silêncio :
Deus é brasileiro!
Deus é brasileiro!
Ah, se é!👩🏼‍✈️