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Cristina Lacerda – Dia de Finados

Cristina Lacerda – Dia de Finados

Vivi cheia de dogmas, criada por uma mulher de fé inabalável, católica fervorosa e temente à Deus! O dia de hoje era de um respeito, comparado só a sexta-feira Santa. Não ouvíamos músicas e a minha irmã primeira, já sabia do seu compromisso neste dia: levar mamãe para assistir a missa no cemitério.
Por outro lado, vivi ouvindo do meu pai, um Kardecista, portanto fiel as convicções espíritas de que esse dia não celebrava o fim de tudo, e ele, por acreditar que só estamos aqui de passagem, respeitava o que mamãe acreditava, mas não concordava. Em nossos longos “papos cabeça”, ele me dizia que a morte não era o fim, portanto discordava desse “feriado”, pois as pessoas passavam um ano sem lembrar dos seus que tinham partido e nesse dia, corriam pra comprar flores e velas e choravam em meio a multidão, como se a lembrança estava restrita naquele momento.
Dessa forma fui adquirindo minhas posturas relativas a este dia.
Entretanto, depois de tantos anos, em um dos últimos encontros com meus irmãos em Cristo, ouvi uma explicação mais convincente para minha vida cristã. (Deixo aqui que ele deu uma opinião, baseado em algumas leituras, mas humildemente deixando claro que não estava ali, pregando a verdade, como única dele)
As perguntas eram: O que significava a missa nos cemitérios? Por que ir aos cemitérios exclusivamente rezar só neste dia?
Estava nestes questionmentos a maior reflexão para minha vida, a maior certeza de nossas vidas. Esse dia serve como um chamamento para situar-mos no mundo. Na realidade,naquele lugar, as lagrimas, as flores já não tem mais sentido se não olharmos para dentro de nós e colocarmos pequenos diante a magnitude do Poder de Deus! Nos cemitérios não existem ricos e pobres, não se mede a terra pelo seus bens materiais adquiridos em vida. Nos cemitérios o ouro, as mansões, as roupas são enterradas com o mesmo valor, mesmo jeito, igualzinho aos dos que materialmente não possuem bens.
“Viemos do pó e do pó voltaremos”, essa é a grande lição da vida e uma reflexão para então, rezarmos pelos nossos que foram primeiro e para nós, de forma que possamos despirmos da soberba, da ira, da cobiça e, principalmente da inveja que cultivamos.
Que Deus nos abençoe!