Cientistas alteram tipo sanguíneo de rim para transplante
Para isso, o professor Mike Nicholson e a estudante de doutorado Serena MacMillan usaram uma máquina de perfusão normotérmica, dispositivo que se conecta a um rim humano para passar sangue oxigenado através do órgão e preservá-lo para uso futuro.
O sangue foi infundido com uma enzima no rim falecido. A enzima agiu como uma “tesoura molecular” para remover os marcadores de tipo sanguíneo que revestem os vasos renais. Isso resultou na conversão do órgão para o tipo sanguíneo O.
O rim de alguém com sangue tipo A não pode ser transplantado para uma pessoa com sangue tipo B, nem o contrário. O sangue O, por sua vez, pode ser doado para indivíduos de todos os tipos sanguíneos.
“Tomando rins humanos do tipo B e bombeando a enzima através do órgão usando nossa máquina de perfusão normotérmica, vimos em apenas algumas horas que havíamos convertido um rim do tipo B em um tipo O”, relata Serena MacMillan, da Universidade de Cambridge, em comunicado.
A descoberta pode ser particularmente impactante para pessoas de grupos étnicos minoritários, mais propensas a ter sangue do tipo B, mais raro, e que geralmente esperam um ano a mais por um transplante do que indivíduos caucasianos.
Agora, a equipe de pesquisadores precisará avaliar como o rim do tipo O recém-alterado vai reagir ao tipo sanguíneo usual do paciente. A máquina de perfusão também permite que eles façam isso antes do teste em pessoas, pois podem pegar rins que foram alterados para o tipo O, usar a máquina para introduzir diferentes tipos sanguíneos e monitorar como o rim pode reagir, simulando o processo de transplante em um corpo.
Números no Brasil
A Associação Brasileira de Transplantes (ABTO) estima que 12,6 mil pacientes precisaram de um novo rim no país apenas em 2021. No mesmo período, foram realizados 4,7 mil procedimentos.