Brasileiro passa por situação inusitada ao registrar queixa por furto em delegacia no Catar
A exemplo do que já foi relatado por outros estrangeiros durante o torneio, a vítima foi consultado pelos agentes públicos de segurança sobre qual a punição que deveria ser aplicada. “Um capitão responsável pela unidade me perguntou se eu preferia a deportação ou a prisão do sujeito”, contou, acrescentando que:
“Isso tudo sem que houvesse sequer um suspeito identificado, mas como falaram em expulsão, estão apostando na ideia de que o criminoso também não é catari. De qualquer forma, prometeram capturar o autor do furto, pois o emirado é cheio de câmeras de segurança por toda parte”.
De acordo com a lei penal do Qatar, o crime de furto é punido com até sete anos de prisão. O brasileiro, que está no país a trabalho durante o evento, optou por não se identificar ao ser entrevistado pela imprensa. Ele contabilizou um prejuízo equivalente a R$ 750, mais a incomodação de ficar sem cartões de crédito e outros documentos.
Ele concluiu, porém, que o atendimento policial foi ainda mais incômodo que o próprio fato de ser alvo de um batedor de carteiras: “Fiquei quase duas horas esperando dentro da delegacia, e bem no dia do jogo de estreia da Seleção Brasileira na Copa [vitória de 2 a 0 sobre a Sérvia, na quinta-feira passada]”.
Já no que se refere à punição do criminoso, o cidadão brasileiro disse à autoridade local que preferia deixar a decisão a cargo da Justiça do Catar. “Acho que a resposta não foi muito bem interpretada pelos oficiais, talvez tenham se ofendido com uma atitude que pode ter parecido algum tipo de descaso de minha parte”, avaliou.
Caso parecido
Situação semelhante já havia ocorrido no país árabe com a repórter argentina Dominique Metzger. No caso, que acabou “viralizando” nas redes sociais, ela também havia registrado ocorrência por furto e, da mesma forma, acabou surpreendida pela indagação dos policiais cataris sobre qual sentença deveria ser adotada ao responsável pelo crime.
O furto teria sido cometido quando ela fazia uma transmissão entrevistando torcedores antes do jogo de abertura do Mundial, no dia 20, entre os anfitriões e a Seleção do Equador. “Eu carregava comigo uma pochete com itens básicos de viagem, documentos, alguns pertences e a chave do hotel”, explicou.
Em um momento de maior descontração com os fãs, alguém abriu o fecho da bolsa que ela levava à cintura. “Não me percebi a ação, em meio a várias pessoas que se aproximavam a caminho do estádio”, acrescentou.
Ao dar conta de que tinha sido furtada, a repórter procurou uma equipe de patrulheiros, que a levou até um segundo grupo de policiais, todos homens e que dificultaram ao máximo levar o caso adiante – supostamente por ela ser mulher e estar sozinha, sem testemunhas.
Mas ela insistiu e acabou sendo atendida em uma delegacia, onde foi oferecida a possibilidade de escolher a sentença para o ladrão. Até agora, ela não foi atualizada pelas autoridades cataris sobre o andamento da investigação, nem teve os seus pertences devolvidos.