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As redes sociais “só pensam naquilo”: paquera e memes vêm à frente de futebol e política

As redes sociais “só pensam naquilo”: paquera e memes vêm à frente de futebol e política

Se você já usou um meme para quebrar o gelo e iniciar a conversa com o crush, saiba que não está só. (Foto: Reprodução)

Se você é um usuário assíduo da internet, já deve ter percebido que as redes sociais podem render muitas tretas e mal-estar. Mas uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que esse ambiente ainda é fértil para os apaixonados. Em todo canto tem alguém flertando ou falando de amor.

Segundo a pesquisadora Luciana Veiga, a análise de 141 mil publicações do Twitter mostrou que as interações de paqueras ou menções ao amor são mais comuns até que as discussões por futebol e por política.

“Os jovens que interagem com memes e paqueras, que tratam de assuntos leves e com humor, somam 20,5% das publicações analisadas no Twitter. É curioso que esse assunto da afetividade supera, inclusive, a questão do futebol, que aparece em 9,8% dessas interações, e da política, que apareceu em 7,7% delas”, revela Luciana.

Para o diretor da Escola de Comunicação da FGV, Marco Ruediger, o resultado da pesquisa mostra a importância de furar as bolhas de polarização que vêm se formando ao longo do tempo, principalmente a partir da política. Ele aponta que isso é necessário para que as relações on-line possam se tornar cada vez mais saudáveis.

“As redes são eminentemente emocionais. Na relação das pessoas, a paquera, o amor, o afeto acabam sendo muito importantes. Então, a grande pergunta é: por que a política não fala mais sobre o amor, sobre a emoção? Fica todo mundo fechado na sua própria bolha”, analisou Marco.

Meme e paquera

Se você já usou um meme para quebrar o gelo e iniciar a conversa com o crush, saiba que não está só. O humor é muito utilizado como linguagem de aproximação, sendo uma ferramenta importante até mesmo para “furar a bolha”.

A pesquisa da FGV demonstrou que a polarização entre esquerda e direita afastou muitas possibilidades de encontros. Boa parte das pessoas de um extremo nem sequer cogita a possibilidade de trocar aquele papinho gostoso com alguém do lado oposto

Pesquisa

A análise foi realizada a partir do Twitter com dados entre 1º de fevereiro e 22 de maio e em três etapas.

Na primeira, foi realizada uma coleta sem regra linguística prévia, ou seja, sem um filtro temático pré-definido. Essa coleta retornou 800 milhões de tuítes em português entre fevereiro e maio de 2023. A partir desses dados, foi criado um mapa de interações que agrupou conjuntos do Twitter. Os conjuntos acima de 4% dos perfis foram considerados.

A segunda etapa consistiu em uma coleta de Twitter a partir de uma regra linguística sobre aplicativos de relacionamento. Essa coleta retornou 234 mil tuítes. Os perfis que fizeram ou retuitaram posts com menções a aplicativos de mensagens foram identificados.

Finalmente, foi feita uma sobreposição dos perfis que mencionaram ou retuitaram posts sobre aplicativos em cima do mapa de interações que mostra a distribuição geral de grupos no Twitter. Cada ponto é um perfil que mencionou ou retuitou posts sobre aplicativos de relacionamento. “Com isso, conseguimos identificar qual dos grupos do Twitter fala mais sobre esse tema. E também como todos os grupos mencionam essa temática”, explicou a FGV.