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Após o anúncio do novo formato do programa Mais Médicos, o Ministério da Saúde quer focar agora em estratégias para fixar os novos profissionais

Após o anúncio do novo formato do programa Mais Médicos, o Ministério da Saúde quer focar agora em estratégias para fixar os novos profissionais
Com o anúncio do novo formato do programa Mais Médicos, o Ministério da Saúde quer investir em estratégias para fixar os novos profissionais em áreas remotas ou periféricas, e prepara programa similar com foco em médicos especialistas, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima.

Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, ela reconheceu que, passados dez anos do lançamento da primeira versão do Mais Médicos, hoje a maior dificuldade do programa é reter os profissionais e disse que a pasta apostará em oferta de especializações, bônus e apoio de grandes centros de excelência aos participantes por meio da telemedicina.

Disse ainda que deverá ser lançado, ainda no primeiro semestre deste ano, um programa para ampliar o acesso a médicos especialistas com foco na formação de jovens médicos e uso da telessaúde.

Ainda sobre o Mais Médicos, a ministra afirmou que a pasta cumprirá a decisão judicial de reincorporar cerca de 2,7 mil médicos cubanos ao programa Mais Médicos que continuaram morando no Brasil após o fim do acordo do governo brasileiro com Cuba, e que obtiveram sentença favorável à reinclusão no programa.

Nísia contou ainda que o governo lançará em abril o novo formato do programa Farmácia Popular, com maior foco na oferta dos medicamentos por meio de pagamento direto pelo governo federal. A ministra falou ainda sobre os próximos passos das ações para aumento das coberturas vacinais e redução de filas no SUS. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

– Passados quase três meses deste início de gestão, qual o balanço das ações anunciadas até agora e quais são as próximas ações prioritárias do ministério? “Completamos 80 dias e estamos no processo de cumprir as metas dos cem dias, que foram definidas tanto no programa do presidente Lula e do vice-presidente Alckmin como também fruto do diagnóstico da equipe de transição da qual participei, então nos concentramos em medidas como a questão da vacinação, criando um movimento nacional pela vacinação; toda a questão do represamento de cirurgias e exames, que nós estabelecemos um plano para redução dessas filas trabalhando com Estados e municípios. E já estávamos com a perspectiva de reorientar a saúde indígena e, no meio desse processo, tivemos uma crise já anunciada no território Yanomami, que tomou contornos muito dramáticos e que estamos enfrentando até agora. Então, é iniciar uma gestão de retomada de programas e, hoje (segunda-feira, 20), com esse anúncio do Mais Médicos, acho que foi mais um feito importantíssimo desse início de gestão. A próxima ação já prevista com antecedência é a retomada da Farmácia Popular.”

– Sobre o anúncio feito do Mais Médicos, como vai funcionar esse componente da especialização e outras medidas para fixação de profissionais? “Tem as medidas de incentivo para fixação com os bônus (por tempo de permanência), que é um ponto importante. O que nós vimos é que nós não tínhamos outras possibilidades de formação além da especialização específica em Medicina de Família e Comunidade. Agora, nós podemos ampliar esse leque de especialização porque, na atenção primária, outros especialistas são importantes, como Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, então há uma ampliação nessa compreensão da especialização. Outro ponto é o mestrado profissional, como o em Medicina da Família e Comunidade ou em Atenção Primária à Saúde. Além disso, os médicos participantes do programa poderão ter uma pontuação adicional de 10% na seleção de programas de residência. Temos, depois de um longo tempo sem um edital mais robusto de residência, a oferta de cerca de 800 vagas de residência médica. Isso porque, na pesquisa que foi feita no Ministério da Saúde avaliando o programa Mais Médicos ao longo desses dez anos, o que se vê é que uma das principais razões de não fixação é o médico querer ter alternativas para sua qualificação, para sua formação. Houve uma grande mudança na categoria médica do ponto de vista do número de profissionais formados. O Mais Médicos já previa aumento de vagas em cursos de Medicina, principalmente no interior, considerando este um fator a permitir maior fixação. Houve um aumento muito maior do que o previsto de vagas de Medicina: se previa 11 mil vagas e esse aumento foi na faixa de 30 mil. Temos muito mais médicos formados, mas continuamos com problema de distribuição desses médicos, com grandes vazios assistenciais em áreas remotas e periféricas. Hoje se calcula um índice de 2,6 médicos por mil habitantes, mas isso é a média. Há locais onde é 1 médico por 100 mil habitantes. É com essa realidade tão desigual que o Mais Médicos precisa atuar. (…) Agora, o que nós estamos discutindo é como fixar e como conseguir que mais médicos brasileiros possam se fixar. Apareceu essa questão de (o participante) ter um interesse em ter essa formação que os qualifique mais do ponto de vista da carreira. Outra questão que não estava prevista e que agora está prevista são as licenças maternidade e paternidade.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.