A alimentação tem alguma influência no Autismo?
Espera-se promover hábitos saudáveis às crianças com espectro autista, com vistas à otimização em sua microbiota intestinal, a uma maior oferta de nutrientes que promovam a formação de neurotransmissores e restaurem sua imunidade.
O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um transtorno que faz com que a criança apresente características específicas e estudos já conseguem apontar como causa prováveis fatores genéticos, mas também é possível que fatores como o consumo de certos tipos de alimentos ou contato com substâncias intoxicantes, como o chumbo e mercúrio, possam ter efeito no desenvolvimento da doença.
Pacientes com TEA podem apresentar uma seletividade alimentar. Essa seletividade é caracterizada por uma dieta com baixa variedade de alimentos e aversão a alguns tipos de cores, cheiros, temperatura e texturas.
O comportamento seletivo pode ocasionar carências nutricionais em relação aos macronutrientes e aos micronutrientes da dieta, vitaminas A, C, D, E, B6, B12 e os minerais cálcio, zinco, ferro e fibras.
Nos primeiros anos de vida é a fase em que a criança deveria experimentar uma gama de alimentos, texturas e sabores diferenciados. Devido à recusa alimentar ocorrer em autistas esse período se torna difícil. Pais de crianças com TEA, relatam que seus filhos são altamente seletivos e com um repertório alimentar limitado a uns cinco alimentos em média.
Muitos autistas possuem a alimentação baseada em alimentos industrializados. Quanto mais o alimento é processado, mais quimicamente alterado e com menos nutrientes eles ficam. Cereais matinais, biscoitos, pães, massas, chocolates, doces, açúcares, alimentos pré-cozidos cheios de misturas, são carboidratos altamente processados, que tem efeito nocivo na flora intestinal uma vez que alimentam as bactérias patogênicas e os fungos no intestino, promovendo o seu crescimento e proliferação. Dependendo da gravidade, pessoas com distúrbios neuropsicológicos podem apresentar uma dificuldade na alimentação, prejudicando a saúde. Na maioria das vezes, o momento da refeição é cheio de choro, agitação e agressividade por parte do autista e um desgaste emocional por parte do cuidador. A modificação na alimentação da criança autista deve ser lenta e gradual, para que se possa ter sucesso.
A nutrição surge como uma ciência integrativa, que compreende aspectos únicos de cada indivíduo, a fim de identificar os sinais e sintomas dentro de uma teia de fatores fisiológico. Uma vez que as necessidades nutricionais variam conforme faixa etária e situação clínica, a individualidade bioquímica da criança deve ser considerada para a adoção de um plano alimentar, baseado na avaliação clínica e construção conjunta do nutricionista com seus pais ou responsáveis.
Espera-se promover hábitos saudáveis às crianças com espectro autista, com vista à otimização em sua microbiota intestinal, a uma maior oferta de nutrientes que promovam a formação de neurotransmissores e restaurem sua imunidade. Faz-se necessária maior divulgação à população sobre a nutrição, a fim de estimular práticas que sejam criadas no sentido de um maior consumo de comida de verdade. Destaca-se a importância de um trabalho multidisciplinar com a psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e a neurologia.