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28% das escolas brasileiras proíbem uso de celular pelos alunos

28% das escolas brasileiras proíbem uso de celular pelos alunos

Ao menos 60% das escolas de ensino fundamental e médio no Brasil têm regras para o uso de celulares e permitem o uso do aparelho apenas em horários e locais específicos. A informação foi divulgada neste mês pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, que ouviu 3 mil gestores de escolas públicas e privadas, urbanas e rurais. A pesquisa mostra também que 28% das escolas proíbem completamente o uso do celular.

Entre os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, a proibição subiu de 32% em 2020 para 43% em 2023. Para os anos finais do fundamental, passou de 10% para 21%. No ensino médio, apenas 8% das escolas proíbem o uso do celular. As escolas estão também limitando o uso da Wi-Fi. De 2020 a 2023, a porcentagem das que liberam caiu de 35% para 26%; e das que restringem, foi de 48% para 58%.

A coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, explica qual o motivo alegado pelas escolas para as restrições.

“Especificamente em relação à aprendizagem, há o receio de que telefone celular provoque distrações, dificultando a atenção dos estudantes. Já em relação à restrição de acesso ao Wi-Fi, pode estar fundamentada na segurança dos estudantes, como forma de as escolas controlarem, ou limitarem, os conteúdos acessados pelos alunos nas escolas. A restrição de acesso ao Wi-Fi pode também estar vinculada às condições de conectividade das instituições. Principalmente naquelas onde a conexão não suporta muitos acessos ao mesmo tempo, ou o sinal não permite o compartilhamento da rede com os estudantes”.

O Cenpec, organização com projetos para reduzir desigualdades educacionais, acredita que as regras para o uso do celular fazem parte do dia a dia das escolas. Mas, é preciso combinar tudo com a comunidade escolar: professores, gestores e estudantes, já que essas tecnologias fazem parte da vida de todos.

E, por isso, é preciso educar as crianças e os jovens para esse mundo, como explica a diretora executiva do Cenpec, Beatriz Cortese.

“Se as escolas não forem os espaços em que isto for discutido, a gente vai ter um problema muito grande de acesso à informação, em todas as classes sociais, de todos os jeitos. Então, os alunos precisam ser ensinados a manusear o celular, a entender, olhando pra um celular, o que é uma informação melhor, o que é uma informação pior, o que significa postar alguma coisa, ou só mandar alguma coisa pessoal pra alguém. Tudo isso precisa ser parte do conteúdo escolar”.

De acordo com a pesquisa, o acesso à internet nas escolas de ensino fundamental e médio no Brasil chegou a 92%, comparado a 82% em 2020. O maior crescimento foi nas escolas rurais, onde a conectividade passou de 52% para 81%. Nas escolas do interior, o acesso subiu de 79% para 91%. O estudo também destaca a melhoria na disponibilidade de computadores nas escolas rurais, que subiu de 63% em 2020 para 75%, em 2023.

Mas, 42% das escolas municipais ainda não têm computadores suficientes para os alunos. Conforme o Comitê Gestor da Internet no Brasil, a restrição nesse contexto pode limitar o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e precisa ser avaliada. Já a conectividade nas salas de aula aumentou de 60% para 80% nas escolas municipais e estaduais, se aproximando das escolas privadas, que atingiram 88%.