Seu filho não larga a rede social? Veja como moderar isso
Em maio último, Vivek Murthy, o Cirurgião Geral dos Estados Unidos, autoridade máxima em saúde pública do país, fez um severo alerta sobre o impacto das redes sociais na saúde mental das crianças. “No momento, ainda não temos evidências suficientes para determinar se as redes sociais são suficientemente seguras para crianças e adolescentes”, lertou ele.
Murthy defende que a idade de 13 anos é “muito cedo” para as crianças usarem as redes sociais. Seria muito melhor esperar até que elas tenham pelo menos 16 anos, disse ele.
Mas manter as crianças complemente afatadas das redes sociais não é uma opção realista. A idade mínima para criar contas em Instagram, TikTok e Snapchat é de 13 anos, mas muitas crianças ainda encontram maneiras de usar os aplicativos para se manterem conectadas com amigos e colegas, sem que seus pais saibam.
Se seu filho está ativamente envolvido com as redes sociais, você deve garantir que ele as esteja utilizando de forma adequada, afirma a Stacy Doumas, Chefe da Divisão de Psiquiatria Infantil e Adolescente do Hackensack Meridian’s Jersey Shore University Medical Center, dos Estados Unidos.
“É preciso ter conversas sobre o que está acontecendo nas redes sociais e incentivar comportamentos saudáveis e apropriados para a idade, que envolvam amizades e atividades diferentes que possam ser mais produtivas do que passar tempo online”, diz ela.
A própria Doumas recomenda seguir esses quatro passos para orientar melhor sua atividade online.
1. Descubra para que eles estão usando as redes sociais – Pode ser útil simplesmente perguntar aos seus filhos quais aplicativos eles estão usando e com quais coisas estão interagindo, diz Doumas. Quando abordar o assunto das atividades online deles, não pergunte apenas se eles estão nas redes sociais ou não. Também é importante saber que tipos de conteúdo estão consumindo, diz Doumas.
Para começar, faça as seguintes perguntas-chave sobre o conteúdo com o qual seus filhos estão envolvidos:
– As postagens com as quais você está interagindo são violentas ou sexuais?
– Elas envolvem bullying ou assédio online?
Apesar dos seus maiores medos, nem tudo o que seu filho acessa nas redes sociais é negativo. E muitas crianças usam esses sites e aplicativos como uma forma divertida e fácil de se conectar com os amigos.
Mesmo assim, Doumas sugere que os pais estejam cientes de como as redes sociais afetam o comportamento geral da criança: “Está atrapalhando o sono? Está atrapalhando a socialização pessoal ou o tempo em família? Realmente faz diferença se você está consumindo as redes sociais de forma saudável e positiva, ou se pode ter um impacto negativo em você como adolescente”, defende ela.
2. Crie um plano familiar para o uso das redes sociais – Decida, como família, sobre esses fatores-chave:
– A partir de que idade as crianças da sua família podem começar a usar as redes sociais?
– Em quais horários do dia o uso das redes sociais é permitido?
– Quais são os nossos limites para as redes sociais?
Estabelecer essas regras junto com seus filhos “promove uma comunicação aberta” entre pais e filhos sobre o que é aceitável e o que não é. Esse nível de transparência pode estabelecer uma base sólida para os pais “para que eles saibam o que seus filhos estão fazendo”, diz Doumas.
Cumprir seus próprios limites de uso das redes sociais dará um bom exemplo para seus filhos, acrescenta ela: “Você também quer ter certeza de estar mostrando um bom uso das redes sociais, saudável e apropriado.”
3. Eduque seus filhos sobre o que podem ver, mas respeite a privacidade deles – Converse com seus filhos sobre o que eles podem encontrar nos aplicativos que eles usam, diz Doumas. Ao explicar a eles por que certas coisas são inadequadas ou perigosas, eles serão mais propensos a sinalizar quando as encontrarem.
“Você pode ensiná-los a fazer as escolhas certas e também a relatar se virem algo acontecendo que não está certo ― se eles virem uma criança precisando de ajuda, ou alguém sendo intimidado ou assediado, por exemplo”, diz ela.
Tenha em mente que é totalmente aceitável monitorar as contas de mídia social do seu filho, diz Doumas, “desde que você deixe claro para eles que está fazendo isso” para evitar violar sua privacidade.
4. Incentive atividades sociais saudáveis fora da internet – Considere a possibilidade de que seu filho esteja recorrendo às redes sociais por longos períodos de tempo porque se sente solitário. Em 2020, a solidão estava aumentando, e os usuários de redes sociais, especialmente a Geração Z, estavam sentindo isso com mais intensidade, de acordo com um estudo da Cigna.
Para ajudar seus filhos a evitar desenvolver uma dependência das redes sociais para conexão, oriente-os a outras atividades para interação social. Aqui estão algumas coisas que você pode fazer, especialmente para os adolescentes, segundo a especialista:
– Sugerir fazer planos com os amigos deles;
– Conversar sobre quais esportes eles podem se interessar;
– Ajudá-los a encontrar um emprego depois da escola.