Cristina Lacerda – Inclusão Escolar: Um direito a ser perseguido.
Como é do conhecimento de alguns, sou professora concursada da Rede Pública e trabalho com a Educação desde meus 18 anos. Portanto já são 46 anos de vida participativa educacional, dedicados ao que mais gosto de fazer: Ensinar e aprender, com vista ao processo da formação humana.
A Inclusão Escolar surgiu como um movimento mundial objetivando garantir a todos sem discriminação, o processo de ensino aprendizagem de qualidade.
Entretanto a inclusão e a permanência de alunos com Deficiência, Transtornos Globais de Desenvolvimento, Altas Habilidades/ Superdotação, firmou-se através de nossa lei maior, a Constituição Federal/88, quando dita em seu art. 7, inciso XXXI sobre as garantias às pessoas com deficiência, como a não- discriminação; direito a seguridade social (art.204, inciso V) a inclusão (art. 208, inciso III) e a garantia de assistência social (art. 203, inciso IV).
Com a criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n° 13.146/2015), entre outras diretrizes, decretos e convenções, as crianças em idade escolar, saíram do escuro do aprender para povoar as escolas, causando surpresa pelo tão grande número de autistas que precisam estar incluídos nas diversas áreas sociais.
Com a falta de conhecimento sistematizado nos meios acadêmicos para formação em áreas específicas, as dificuldades surgem a todo momento no contexto escolar, criando impasses e perpetuando a exclusão, ao invés de inclusão.
Com a falta de conhecimento, o professor não atenta para a modalidade de ensino que atenderá esses alunos em sua condição, que é a educação especial. (Lei n° 9394/96 – Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional – LDBEN)
Ressaltamos que essas leis determinam que o setor público e o setor privado educacional, cumprem com que as determinam.
Entretanto julgamos muitas vezes que trabalhar essas questões no setor público é difícil, devido realmente aos descréditos dos politicos quanto a área educacional brasileira, que tem deixado a desejar. Todavia, não é bem assim. Passando quase ” despercebido” o setor privado, (com exceções) nega também, os direitos desses alunos. Os atendimentos, torna-se muito mais distante, difícil, complexo e desmotivante, neste setor.
Estamos observando escolas e mais escolas particulares sem nenhuma estrutura educacional voltada para esse público e a sensação que nos é passada são de duas realidades totalmente em contra mão. Deficiência é Deficiência. Autismo não é doença. É condição. A desinformação e o não perceber-se como responsável que a lei é pra todos, está dificultando a inclusão, o compromisso e o dever de cidadão que todos devem ter.
Existe uma enorme diferença sim, entre essas instituições. Enquanto o poder público engatinha, procura caminhos para esse engatinhar, a rede privada estagna. Não anda. Não avança. Quando provocado, usa de argumentos que não condiz com a realidade…
Firmar parcerias, faz-se necessário e importante.
O autismo e tantas outras deficiências, não é pra ser comemorado. Não se comemora “O Dia do Autista”. Não precisa mais de conscientização. Todos são conscientes que existem crianças, jovens, adultos e velhos autistas. Busca-se agora o respeito, a dignidade para essas pessoas. Busca-se o incluir, a garantia de seus direitos.
Desse modo, apenas com a interação e participação das escolas, famílias e instituições, resta o que mais de importante fica como lição:
Promover o respeito humano, e assim, apenas assim, possamos fazer desse mundo um mundo mais rico em aprender com as diferenças, pelas diferenças e nas diferenças.