Caixa suspende consignado do Auxílio Brasil e diz que governo negocia condições
“Eu já posso anunciar para vocês que nós estamos suspendendo o consignado do Auxílio por duas razões. A primeira é que o Ministério do Desenvolvimento Social vai revisar o cadastro, então como o Ministério vai revisar o cadastro, não é de bom tom que a gente mantenha, porque não sabemos quem vai ficar nesse cadastro ou não”, disse Serrano a jornalistas após a cerimônia de sua posse no comando do banco público.
“A segunda é porque os juros dessa modalidade de consignado são muito altos, então nós também estamos suspendendo para rever esses juros e vendo as possibilidades que existem para baixar esses juros, dentro, lógico, das regras de conformidade”, afirmou ela.
O consignado do Auxílio Brasil foi lançado pelo governo federal no ano passado, às vésperas do segundo turno das eleições, como aposta para apoio do público à campanha de reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. Só em outubro foram liberados R$ 5 bilhões. A Caixa foi a única entre os de maior porte a ofertar a modalidade, que teve forte demanda diante do endividamento das famílias brasileiras, mas que foi criticada por especialistas pelo perigo de ampliar ainda mais esse endividamento.
Serrano disse que o banco não trabalha com a perspectiva de perdão aos devedores, mas o ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, disse que o governo trabalha para conceder anistia para as famílias. “O banco não tem como fazer isso, mas eu acredito que há a possibilidade de negociar com o governo inclusive para baixar os juros”.
O teto de 3,50% ao ano é maior do que o imposto pelos bancos ao consignado do INSS: 2,14%. Além disso, segundo os dados do Banco Central, está acima do que é cobrado, em média, nos vários tipos de consignado: para trabalhadores do setor privado (2,61%), para trabalhadores do setor público (1,70%), para aposentados e pensionistas do INSS (1,97%) e consignado pessoal total (1,85%).
Desenrola
Serrano afirmou que o programa de renegociação de dívidas Desenrola pode ser lançado até o começo de fevereiro, mas que o desenho ainda não está fechado. Ela afirmou que a Caixa e o Banco do Brasil vão ter papel fundamental, mas que estão sendo feitas várias reuniões no Ministério da Fazenda para encontrar o melhor formato do programa, que deve ter como foco as pessoas endividadas que ganham até dois salários mínimos.
“Estamos fazendo várias reuniões no Ministério da Fazenda para tentar desenvolver um programa para reduzir o número de endividados no Brasil, uma população muito grande, principalmente a população que ganha menos de dois salários mínimos. Mas tenho que esperar, porque não está pronto o desenho, estamos discutindo várias hipóteses.”