Colonoscopia: estudo questiona efetividade do exame
O ator tem 45 anos, idade que algumas diretrizes recomendam o início da realização periódica da doença para detecção precoce da doença. Entretanto, um novo estudo questiona a efetividade dessa recomendação.
O estudo NordICC, feito por pesquisadores da Noruega, é o primeiro a comparar a efetividade do exame com a ausência de rastreamento de câncer em um estudo randomizado, descobriu que o exame reduz em apenas 18% o risco de câncer colorretal e não traz redução significativa no risco de morte pela doença. De acordo com os autores, que publicaram os resultados na revista científica The New England Journal of Medicine, o benefício do procedimento foi considerado escasso.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de mais de 84 mil pessoas com idades entre 55 e 64 anos da Polônia, Noruega e Suécia, que nunca tinham feito colonoscopia antes. Os participantes foram convidados aleatoriamente a fazer uma colonoscopia de triagem entre junho de 2009 e junho de 2014, ou foram acompanhados para o estudo sem serem examinados.
Os resultados mostraram que após dez anos de acompanhamento, o grupo selecionado para realizar a colonoscopia teve um risco 18% menor de câncer colorretal do que o grupo que não foi rastreado. No geral, essas pessoas também apresentaram uma pequena redução no risco de morte pela doença, mas essa diferença não foi considerada estatisticamente significativa.
Trabalhos anteriores avaliavam o benefício da colonoscopia por meio de estudos observacionais que olharam para trás e comparavam a frequência do diagnóstico desse tipo de câncer em pessoas que receberam colonoscopias versus aquelas que não receberam.
O resultado do novo estudo coloca em xeque o uso do exame como forma de rastreio da doença para a população em geral, dado que é um exame complexo e de alto custo, e não para pessoas de risco, como aqueles com histórico familiar.
“Esta redução relativamente pequena no risco de câncer colorretal e a redução não significativa no risco de morte são surpreendentes e decepcionantes. Análises adicionais, incluindo acompanhamento mais longo e resultados de outros ensaios comparativos de eficácia em andamento, nos ajudarão a entender completamente os benefícios deste teste”, escreveram Jason Dominitz, gastroenterologista da Escola de Medicina da Universidade de Washington, e Douglas Robertson, da Escola de Medicina Dartmouth Geisel em editorial que acompanhou a publicação do estudo.
Por outro lado, é preciso ressaltar que o novo estudo tem limitações. Dos mais de 28 mil voluntários convidados a realizar o exame, apenas 42% o fizeram. Quando os pesquisadores analisaram apenas os resultados das pessoas que realmente foram submetidas ao procedimento, a redução do risco de câncer colorretal foi de 31% e o risco de morte em 50%. Mesmo assim, o benefício observado é menor do que o relatado em estudos anteriores, que chegaram a apontar uma redução de mais de 60% no risco de morte pela doença.
No Brasil, o câncer de intestino é a terceira maior incidência na população e atinge cerca de 40 mil novos casos por ano entre homens e mulheres. Os principais sinais são: mudanças contínuas nos hábitos intestinais, como diarreias, prisão de ventre alternados, dor ou desconforto abdominal, fraqueza, anemia, alteração na forma das fezes (muito finas, compridas, pesadas), além da presença de sangue no cocô.
É tratável e com uma grande probabilidade de cura, se for detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Para isso, especialistas defendem que a melhor maneira de se detectar este tipo de câncer de forma rápida é olhando para as próprias fezes. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. As informações são do jornal O Globo.