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“007 – Sem tempo para morrer” é bela despedida de Daniel Craig como James Bond

“007 – Sem tempo para morrer” é bela despedida de Daniel Craig como James Bond

“007 – Sem tempo para morrer”, o quinto e último filme de Daniel Craig como o espião com licença para matar, é uma bela e emocionante despedida para o britânico e o melhor dele no papel desde “Cassino Royale” (2006), quando assumiu o papel – por mais que alguns discordem.

Ao mesmo tempo, funciona como um desfecho competente para a história iniciada há 15 anos, que aos poucos elevou o espião infalível a um herói humano muito mais interessante.

Ao estrear nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (30), o 25º filme do personagem criado por Ian Fleming também acaba com uma longa expectativa, gerada pelo mais de um ano de adiamento por causa da pandemia.

Com tanta coisa importante a resolver, é até compreensível que a produção sofra com uma certa instabilidade ao longo de suas longas duas horas e 43 minutos de duração.

Mas ótimas cenas de ação, momentos pessoais que aprofundam grande parte dos relacionamentos e mais uma ótima atuação de Craig ajudam o espião a superar a maior parte dos problemas.

Velho Bond, novo 007

“Sem tempo para morrer” começa com um Bond aposentado. Ao lado da personagem vivida por Léa Seydoux já em “007 contra Spectre” (2015), ele faz inéditas juras de amor e vive uma vida feliz.

Até que o casal é encontrado pela organização maligna do filme anterior, o que dá início a uma trama que usa de traições, reviravoltas e o bom e velho sarcasmo do espião para explorar sua própria humanidade e mortalidade.

Entre pulos no tempo e diferentes partes do mundo, ele volta à ativa, encontra uma jovem agente ocupando o cargo de 007 (Lashana Lynch) e mata a saudade de velhos amigos para impedir que um novo vilão com sede de vingança utilize um vírus misterioso para dizimar grande parte da população mundial.

Sem tempo para mais um plano mirabolante

O enredo pode não parecer dos mais originais, e não o é, mas serve com uma desculpa bem aceitável para que Craig demonstre pela última vez seus dons físicos e de atuação.

Com 53 anos, o britânico segura como nunca as belas cenas de ação, e apresenta um Bond ainda mais vulnerável, apaixonado e machucado pelo passado.

Para enfrentá-lo, o público encontra o antagonista interpretado por Rami Malek (“Bohemian Rhapsody”), mais um vilão encaixado na forma de “o outro lado da moeda de Bond com uma cicatriz na cara para deixar bem claro que ele é o vilão mesmo”.

Sua ligação com o passado da jovem francesa empolga no início, mas logo se perde entre os outros inúmeros compromissos do enredo.

Aos poucos, a busca para dar espaço a personagens clássicos como Moneypenny (Naomi Harris), M (Ralph Fiennes), Q (Ben Whishaw) e até Blofeld (Christoph Waltz) evidencia a aproximação inevitável de um desfecho para o arco atual.

Hora do adeus

O roteiro escrito pelo diretor Cary Joji Fukunaga (da primeira temporada de ‘True Detective”), Neal Purvis e Robert Wade (que escrevem capítulos da franquia desde “O mundo não é o bastante”) e Phoebe Waller-Bridge (“Fleabag”) consegue um equilíbrio razoável.

Até momentos desnecessários e sem muito sentido para a trama geral, ajudam de alguma forma a construir a figura de Bond. Uma festa cheia de bandidos no Caribe poderia ser facilmente cortada, mas o público então perderia uma das melhores e mais bem-humoradas participações da história recente da saga (a sempre excelente Ana de Armas).

No fim, há buracos incontáveis na história, e o desfecho dificilmente vai agradar a 100% dos fãs, mas “Sem tempo para morrer” se sustenta como uma grande conclusão para o estudo do personagem realizado nas últimas décadas.

A identidade de quem deverá assumir o papel daqui a pra frente sem dúvidas dominará discussões sobre cultura pop pelos próximos meses, ou até anos. Seja quem for, vai assumir um personagem muito mais rico.